quinta-feira, 19 de julho de 2018
III ENCONTRO NACIONAL DA ANLU – A NOSSA LUTA UNIFICADA – CAMPO DE REFLEXÃO, ANÁLISE E ARTICULAÇÃO POLÍTICA DO MNU – MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO. MARIELLE FRANCO, PRESENTE!
PROGRAMAÇÃO: PLENÁRIAS MUNICIPAIS E REGIONAIS: ATÉ 26 DE AGOSTO. IIII ENCONTRO NACIONAL DA ANLU: 31 DE AGOSTO, 01 E 02 DE SETEMBRO -2018. SINDISPREV -RIO DE JANEIRO -RJ.
TEMA: “Os Desafios da Organização Política, Movimento Negro Unificado (MNU), para o Fortalecimento Estratégico da Esquerda Negra Brasileira”. PROGRAMAÇÃO DE DEBATES > Análise da Conjuntura Política nos 40 anos do MNU – Organização Política da ANLU. Balanço e Desafios. – Estratégias e Resoluções Finais.
O nosso campo político completará em 2018, oito anos de existência, algo díspar na história da nossa organização. O princípio de fortalecer o MNU – Movimento Negro Unificado tem prevalecido nesse período que se aproxima de uma década.
Hoje, podemos encarar as bravatas com ceticismo e afirmar que a história recente nos garante o legado objetivo de reconstruir nacionalmente o MNU após as catastróficas gestões que nos deixaram á deriva a partir dos Congressos de Lauro de Freitas (XV), Bahia, 2005, e Itapecerica da Serra (XVI), em São Paulo, 2009.
Nada é perfeito, temos vários problemas de insuficiência interna, mas o conjunto de nossa obra traz resultados concretos que propiciaram a continuidade digna de nossa organização que estava estagnada á beira desse grande marco, os 40 anos do MNU- Movimento Negro Unificado, exemplo de uma condução responsável.
A responsabilidade política em garantir a democracia interna e conviver com as diferenças sem promover o ódio resplandeceu oportunidades para novas gerações de militantes e dirigentes adentrarem em nossos quadros.
Enquanto isso nossos adversários se preocuparam exclusivamente em derrotar a ANLU, aglutinando e usando pessoas para a sobrevivência individual de antigos quadros que não apresentavam nada de concreto.
Isto, sem maiores preocupações com reflexões teóricas ou estratégicas, bem como, demonstrando ineficiência em apresentar proposições viáveis para fortalecer uma plataforma de ações possíveis no contexto real das relações políticas raciais e relações de poder na sociedade brasileira monopolizada por grandes grupos de interesses.
Nesse momento, a ANLU não pode cair em provocações rasteiras, temos que propor um debate qualificado a partir de uma agenda interna coletiva e sem verticalizações e imposições, repudiamos mandatários.
Somos um campo incipiente, mas na contramão do verticalismo, temos estimulado a formulação teórica e a participação política coletiva; o resultado pragmático é a adesão de nossos jovens dirigentes nacionais.
Há em curso um processo desesperador de despolitização e desqualificação dessa experiência de interação política construída pela ANLU que soube construir um ponto de vista independente do indivíduo, no que tange seu interesse imediato, e priorizou o princípio de autonomia intelectual de pensamento coletivo estratégico.
Somos uma força política contra hegemônica ao classicismo teórico europeu e sua natureza racista preservada nas instituições políticas brasileiras, inclusive nos partidos de esquerda.
Na prática esse ponto de vista ainda está muito distante da mentalidade do movimento negro brasileiro; nossa cultura de ativismo ainda está arraigada á lógica das correntes eurocêntricas e suas organizações políticas partidárias que ocuparam espaço institucional Pós Democratização, em 1988, com a efetivação da Constituição Federal.
Fácil de compreender, foi a única alternativa no período da redemocratização. Porém, temos que exercitar a lucidez em entender que estamos por nossa própria conta e sermos persistentes em buscar nossa autonomia enquanto Organização Política Negra.
Conquistamos a legitimidade e a coerência política de sermos a autêntica Esquerda Negra Brasileira.
É legítimo, resultado de nossa persistência, determinação e consciência negra desde a ditadura militar quando surgimos; sempre apontamos à décadas que havia uma elite oligárquica racista e fascista , mesmo assim o pragmatismo da governabilidade e coligações políticas dos partidos de centro esquerda em aliar-se á esse sistema, acabou naufragando. Não foi por falta de aviso, em muitos momentos o MNU ficou isolado por nossas posições, hoje referência.
Erraram drasticamente em aliar-se aos conluios das grandes corporações do agronegócio, construção civil e setores industriais de consumo.
O fortalecimento das bases sociais e organizações populares não fizeram parte desse projeto, nem mesmo como participação política na democratização popular dos mecanismos partidários da esquerda branca brasileira. As lideranças que conquistam mandatos por altas cifras se mantém na direção partidária.
O resultado está aí, uma crise sem precedentes.
Não podemos cair no engodo que só o Golpe do Governo Temer é responsável por tudo isso...”Ledo Engano”.
O MNU não pode pagar esse preço, temos que ter a coragem e capacidade de dialogar direto com a sociedade brasileira.
Temos que ser protagonistas de um novo Campo Democrático e Popular e saber compor enquanto força política para consolidação de programas estratégicos de desenvolvimento nacional, que contemple objetivamente medidas efetivas de combate ao racismo e que sejam compatíveis às necessidades de 54% população brasileira, os afrodescendentes.
Nossas iniciativas ainda estão calçadas em insuficientes iniciativas pontuais e quase sempre individuais. Seria simplório encararmos nossa própria existência como parte de uma massa negra eternamente de base que sustenta as aspirações de retomada de poder dos partidos tradicionais, mesmo de esquerda.
O que proporemos agora ¿
Essas instituições estão sob uma agenda defensiva, onde todos os dias justificam erros inadmissíveis para qualquer princípio igualitário e de justiça para o Bem Estar Social, nossas lideranças não podem cumprir um papel meramente coadjuvante de constante defesa intransigente de um sistema que ainda é excludente.
Nossas posições oficiais e participação política em defesa de Dilma e Lula – e sua liberdade- é dever e coerência em defesa da verdadeira justiça e democracia. Temos consciência e reconhecimento que esses governos democratizaram as políticas públicas para a população negra.
Porém, uma Organização Negra de Vanguarda não pode ficar só por aí, esperando o que teremos que gritar e qual agenda deveremos seguir, temos que ser estrategicamente propositivos e disputar espaço real na sociedade. Parece que aos negros é cobrado um agradecimento, que temos uma dívida. Não !!!
Temos que disputar base social, organizá-la e abandonarmos a cultura de personalidades políticas que interagem e digladiam espaços institucionais somente entre si, essa Era dos grandes mitos acabou.
Vejam o que está acontecendo no Brasil, uma crise sem precedentes, as lideranças negras de esquerda não podem se acostumar a interagir como meros serviçais.
Não podemos subjugar nossa capacidade de sermos parte protagonista de um novo projeto para o país; só promovendo grandes debates e rompendo o isolamento intelectual conseguiremos avançar.
A ANLU tem que incentivar as articulações estratégicas internas para que o individualismo e o fisiologismo não voltem á imperar no interior de nossa organização ; a ANLU tem que seguir seu caminho de promover continuamente análises e reflexões elucidativas sobre temas crucias para o fortalecimento de nossa organização e sua ação política na sociedade.
Internamente temos que decidir que ANLU queremos, não podemos escamotear os reais motivos que promovem diferenças e divergências de concepção interna; seremos um campo aberto às intervenções das correntes da esquerda branca ¿ Dentro da ANLU permitiremos a organização de correntes eurocêntricas ¿
Por outro lado, a sociedade brasileira está em alta efervescência e temos que ficar atentos em combater veementemente visões reacionárias e liberais de centro direita.
Ou seja, estamos no meio do caminho da opressão intelectual construindo um Campo Político Filosófico Pan-Africanista, as contradições interagem em todos os lados; o que realmente queremos ¿
A Nossa Luta Unificada não pode se transformar num campo do romantismo político confortável.
A responsabilidade pelo fortalecimento do MNU, e seus mecanismos organizacionais, mesmo que muitas vezes vulneráveis, traz novos desafio à ANLU:
- Trazer ao III Encontro Nacional temas emblemáticos como a retomada da transição de “Entidade para Organização Política”. Temos que propor um arcabouço estatutário atualizado que garanta a implementação do processo banido pelas referidas gestões anteriores. Chegamos a realizar um Congresso Extraordinário em Vassouras-RJ,2000.
- Esse debate é fundamental para enfrentar a desfaçatez e dissimulação da dubiedade na militância política e suas contradições; interagir centralizado em várias organizações políticas de matizes totalmente contraditórias não é saudável e convicto em qualquer processo dito de transformação social ou revolucionário.
- Não é admissível a capacidade de enquadramento e centralização que as correntes eurocêntricas exercem sobre a nossa militância a ponto de promover o enfraquecimento psicológico e o constrangimento de nossos militantes, bem como, a exposição do MNU – Movimento Negro Unificado e seus dirigentes.
- Temos que debater sobre as eleições 2018 e nossa relação com os partidos, de forma nítida e transparente. É fundamental o compromisso governamental com Programas de Ações Afirmativas.
- Temos que debater se, estrategicamente, disputaremos essa Democracia Representativa definida pelo poder econômico e alimentada pela corrupção crônica ou optaremos pelo protagonismo de uma trajetória de transformações sociais que contestem e deslegitimem essas instituições do Estado Capitalista.
Esses são temas plausíveis para os debates na ANLU. Construiremos candidaturas negras ¿
A tradição de garantir a liberdade de expressão e articulação individual e coletiva faz parte dos 40 anos de efervescência política da maior referência de vanguarda negra do campo de esquerda democrático e popular, o MNU.
Já passamos por vários períodos distintos influenciados estritamente por lideranças internas que ocupavam espaços institucionais e compunham a linha de frente de nossa organização em diferentes contextos políticos do país.
O perfil de nossos dirigentes passa naturalmente por mutações constantes desde o marco de fundação, em 1978. Mandatos parlamentares, grupos regionais e campos internos nacionais ( Raça, Raça e Classe, Raça Território) sempre fizeram parte de nossa organização de pluralidade na correlação de força e pensamento político.
É necessário compreendermos com lucidez que em quatro décadas o Mundo sofreu transformações sociais e econômicas exigindo um exercício aprofundado de revisão de pensamento estratégico e, consequentemente, contemporâneo que traga novos princípios “organizacionais” de resistência negra.
Nesse contexto ainda nos deparamos com visões que repudiam e desqualificam veementemente qualquer iniciativa mais reflexiva ou mesmo teórica sobre os rumos e desafios de nossas ações no MNU e suas externalidades. O personalismo e individualismo são agentes que tentam se prevalecer evidenciando em todo momento e, ás vezes, sem perceber a necessidade de ascensão do sujeito além da organização, ou sobre o papel da instituição. É evidente a defasagem de um pensamento intelectual negro coletivo que trate e apresente estratégias para o desenvolvimento sócio, econômico do país sob o nosso olhar. Há certa atrofia psicossomática que vem tornando invisível a possibilidade de acreditarmos na prioridade de sermos sujeitos organizados a partir de si próprios. O MNU não escreve mais, não há teses e formulações em nossos Congressos, só a ANLU vem formulando nesses últimos 8 anos. Os fatos lamentáveis do XVIII Congresso afirmam essa precariedade. Fortalecer o MNU, esse é nosso desafio. Vem pra ANLU!
EXECUTIVA NACIONAL da ANLU: Emir Silva, RS. Carlos Augusto,SE. Lenyr Souza,RJ. Paulo Azarias,MG. Adeildo Araújo,PE. Raimundo Bujão – BA, Ronaldo Oliveira, DF. 23 DE MARÇO DE 2018. VIDA LONGA AO MNU !
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Que a Anlu possa desenvolver seu papel político para juntos construir um MMU mais forte e unidos contra o racismo, sem nem intervenção política parasitário . O MNU e do povo negro e para o povo negro.SS
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