domingo, 20 de maio de 2018
DOCUMENTO BASE DA ANLU - APRESENTADO NO XVII CONGRESSO NACIONAL DO MNU, SALVADOR, 2014.
CONTRIBUIÇÃO AO DEBATE
ANLU – A NOSSA LUTA UNIFICADA
Campo de Reflexão, Análise e Articulação Política do MNU.
XVII CONGRESSO NACIONAL DO MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO - MNU
“Existe um pensamento, a nossa ação não é aleatória”.
2014
INTRODUÇÃO
O XVII Congresso Nacional do Movimento Negro Unificado – MNU, que acontece em Salvador - Bahia, de 15 a 17 de agosto de 2014, exige uma análise aprofundada sobre a mais aproximada contextualização dos nossos principais desafios no século XXI.
Enquanto vanguarda do movimento negro brasileiro, devemos identificar em nosso próprio histórico de construção política, a necessidade de exposição de um método que explane os nossos 36 anos de existência.
Temos que abordar as nossas devidas conquistas e seus aspectos conjunturais no Brasil e no Mundo.
Aliás, sabemos realmente como estamos em relação à sociedade atual?
Por exemplo, no contexto contemporâneo, a exaltação da negritude em programas e reportagens jornalísticas reforçam alusões generalizadas em relação ao racismo.
Agora, mais do que nunca, qualquer movimentação grupal ou representação individual pode ser considerada movimento negro.
Inclusive, de não negros.
Talvez, seja a fragmentação da fragmentação da retórica da política racial surgida nos meados da década de 90.
Naquela época, sob influência nefasta do neoliberalismo e do terceiro setor, que determinou a proliferação de milhares de Organizações Não Governamentais – ONG`S.
Agora, há uma ação mais individualista, talvez sob um processo de multiplicação exacerbada do discurso de promoção da igualdade racial, a partir da efetivação das políticas de cotas.
Na verdade, quando debatíamos as políticas integracionistas, em meados da década de 90, não acreditávamos que o Estado seria tão frágil e vulnerável a ponto de implementá-las.
Estávamos pensando em, “exigindo cotas” reforçar a nossa bandeira de luta e pressionar mais o poder público.
O fato é que não tínhamos a verdadeira dimensão do que plantaríamos.
É como se depois, não tivéssemos tecnologia e maquinário para a própria colheita.
Talvez, a nossa relação institucionalizada, no âmbito governamental e partidário, ainda seja uma terceirização desse protagonismo que é nosso.
Só mudaremos, quando nos constituirmos enquanto uma Organização Política Autônoma e Corrente da Esquerda Brasileira e Mundial.
A veiculação da temática racial “em massa” abrange milhões de pessoas destruindo e reforçando estereótipos e criando uma grande vulnerabilidade conceitual muito aquém do que pensamos.
Com certeza é uma grande conquista, mas, no jogo das contradições produzidas pela grande mídia, o mito da democracia racial é reforçado sem que percebamos de fato.
Artistas e personalidades intelectuais com visibilidade pública assumem um discurso positivista às Ações Afirmativas, mesmo integrando instituições e organizações capitalistas ou integradas à lógica social democrata de “centro” também inserida nas relações de poder econômico.
Sim, nós, do Movimento Negro Unificado, temos que ser a referência.
Temos que fazer a leitura sobre o contexto e nos recolocar no cenário público de comunicação social expondo o nosso ponto de vista político.
Também temos que fortalecer o movimento negro organizado.
Afinal de contas, temos uma grande base social sem direção política.
Muitos dos autodeclarados negros e negras, ou contemplados sob o critério de baixa renda social e oriundos do ensino público, ainda não sabem que são sujeitos de um projeto político estratégico de poder do ponto de vista do povo negro.
Esse texto de apoio é apenas um instrumento inicial para subsidiar o nosso debate congressual.
Precisamos analisar o nosso próprio histórico para definir táticas adequadas para enfrentar o cenário “moderno” de revolução tecnológica e da política amigável.
Estamos sob um novo dilema. Ouve-se em geral:
Não podemos criar animosidade entre negros e brancos no Brasil incentivando a divisão das raças.
De fato, não existe uma contraposição articulada, temos que recolocar nossas posições.
Mesmo que exercitemos esse modo de raciocínio, de antemão, temos a necessidade interna de buscar informações do nosso acervo documental espalhado pelo país e, principalmente, da memória e da oralidade dos nossos ativistas.
A retomada de um processo teórico de formulação de teses, por exemplo, estará sempre relacionada ao reordenamento da nossa vida organizacional coletiva e democrática, bem como, da reintegração de nossos quadros militantes que consigo tragam muita consciência negra e a verdadeira solidariedade.
É urgente que apresentemos um projeto financiado para o resgate institucional do nosso acervo documental a ponto de perdermos uma grande parte da história de resistência negra no Brasil.
Quem deve ser o idealizador desse processo é o próprio MNU.
Por outro lado, nada seria tão gratificante quanto a colaboração das pessoas que se integraram à nossa organização a pouco tempo, ou mesmo as que concebem parte da nossa história.
Também necessitamos de renovação das novas gerações de negros e negras; os jovens negros e negras contemporâneos são prioridade para a transição e transformação de uma organização quase quarentona.
Ideias novas sob um ambiente moderno, arejado e sem os vícios da política tradicional brasileira são elementos fundamentais.
Temos que fortalecer o alicerce de parâmetros de equilíbrio e proporcionalidade de posições para um ambiente democrático.
Conforme, Frantz Fanon, os jovens negros que leem e internalizam sua visão respondem com fervor às suas ideias, são, ademais, pessoas que lutam intensamente contra um sistema que não tem certeza que podem derrubar.
Porém, para Fanon, o importante é a transformação, a mutação interior que ocorre durante a luta, o modo como “os condenados da terra” se libertam durante a confrontação inevitável entre opressores e oprimidos.
Essa concepção de libertação também tem como grande base a luta de resistência das mulheres negras.
Em 2015 estarão realizando a I Marcha Nacional, em Brasília.
Entre tantas guerreiras, uma grande referência é Winnie Mandela, que para os “boêres” era a encarnação do perigo negro que precisava ser combatido por todos os meios.
Sua vida personifica a libertação dos negros.
Sua vida de sofrimentos representa o seu povo condenado ao silêncio.
O que a distingue não é apenas o seu carisma pessoal e político. Mas seu engajamento apaixonado em construir uma África do Sul em que os negros e negras pudessem ter direitos iguais.
Ela dizia: O futuro da África do Sul será multirracial; por esse ideal daria a minha vida, sacrificaria tudo; casamento, família, profissão e liberdade.
Nesse cenário congressual devemos ressaltar algumas constatações que permeiam a cronologia de nossa organização desde seus primórdios.
Notadamente, consta em nossos documentos, desde o período de nossa fundação, a constante necessidade de “reestruturação” e em certos momentos até de “reorganização”.
Entre outros dilemas, trazemos o fardo da política inclusa de “finanças” ou mesmo que tais resoluções congressuais não foram cumpridas, ou que nossos dirigentes não deram conta de seus mandatos, enfim.
A partir daí, poderíamos refletir sobre outros argumentos positivos que concretamente foram incorporados e protagonizamos pelo Movimento Negro Unificado.
Por exemplo, nesses 36 anos, exercemos um “alto grau de intelectualidade e idealização”, a ponto de, por meio da luta contra o racismo pautar toda a sociedade brasileira.
Isto, com certeza, é o nosso grande êxito.
Inicialmente, em 1978, durante a ditadura militar, denunciávamos a desigualdade racial na contramão da elite política e cultural brasileira.
Estávamos nascendo sobre o legado histórico de revoltas e insurreições escravas e quilombolas, das lutas abolicionistas, da Frente Negra Brasileira década de 30.
Do TEN – Teatro Experimental do Negro e o 1º Congresso do Negro Brasileiro, em 1950, idealizado por Abdias do Nascimento.
Vejam, por exemplo, a iniciativa Pan - Africanista.
Tivemos grande influência da Luta aos Direitos Civis nos Estados Unidos, liderada por Martin Luther King Jr, Malcom X, Ângela Davis, e o movimento Black Power dos Panteras Negras.
Na diáspora, lutamos contra o apartheid segregacionista na África do Sul e a prisão de Nelson Mandela.
Apoiamos a Luta de Libertação e Independência dos Países africanos Colonizados.
Nesse sentido, algumas constatações são evidentes, ou seja, na diversidade de nossas conquistas sociais; a base de apoio nunca foi sustentada pelo poder econômico e sim pela nossa capacidade de consciência, reflexão, análise e raciocínio.
Mantivemos nossa posição política de enfrentamento à burguesia e sua centralização de lucro e poder político e econômico.
Também nunca fomos “de fato” sujeitos na direção “efetiva” das principais instituições governamentais, legislativas, partidárias ou sindicais brasileiras.
Salvo raras exceções, nunca governamos o país com o olhar da negritude, além, do que aconteceu no Estado Democrático do Quilombo dos Palmares liderado por, Zumbi, no século XVI.
Mesmo que uma série de insurreições histórias afro-indígenas também tenham estabelecido novos paradigmas para a democratização do Brasil.
Para identificarmos a dimensão de nossas conquistas entre 1978 e 2014 e projetarmos ao futuro a nossa real capacidade, reflitamos sobre o que alcançamos e de que forma.
Isto significa que mesmo em períodos de estagnação a nossa visão estratégica e programática permaneceu.
Nossas resoluções, que porventura não foram superadas, poderão ser redimensionadas em nosso plano de ação dependendo do contexto primordial.
As nossas vulnerabilidades acabam tornando-se experiências e aprendizados.
No entanto, ainda somos fortes!
ASPECTOS GERAIS
Acima de tudo, estamos sob um ambiente social favorável com bases sociais conscientizadas e com posicionamento político em defesa da verdadeira democratização do país.
De antemão, podemos constatar que a sociedade brasileira está mais informada sobre o racismo e seus malefícios.
Nota-se que boa parte da população reage à discriminação racial independente da cor da pele. Mas foi exatamente porque o cidadão negro e a cidadã negra começaram a se conscientizar e denunciar o crime racial. Efeito objetivo das campanhas do movimento negro brasileiro.
A materialização de avanço do contexto atual poderá apresentar uma nova plataforma de organização e transformação social, por meio de uma pauta Pan-Africanista que propõem uma visão de mundo, a partir da matriz civilizacional africana e das classes populares multiétnicas. Seus valores naturalmente irromperiam com o imperialismo cultural eurocêntrico.
Seria o enfraquecimento da concepção colonialistas da oligárquica elite brasileira e seus devidos valores seculares institucionalizados a ferro e fogo.
Temos que entender que o poder americano e europeu, ideologizado por seus acadêmicos pensadores e, seus vorazes líderes capitalistas, está cada vez mais vulnerável.
A nossa plataforma é sustentada no histórico da luta pelos Direitos Humanos.
Na base contemporânea está o movimento social negro, movimentos sociais organizados, cultura popular, religião de matriz africana, movimento quilombola, movimento indígena, movimento da juventude, movimento LGBT, movimento feminista, movimento dos trabalhadores(as) sem terra, movimento pela moradia, ativistas, intelectuais, e boa parcela da sociedade arregimentada por suas representações governamentais, parlamentares, institucionais públicas ou privadas, entre outras bases sociais democráticas e populares.
Em todo o Brasil, boa parte da população de maioria negra e, muitos brancos, são adeptos às nossas heranças ancestrais ou optam pela convivência, simpatia ou militância.
Existe um campo político cultural afro brasileiro integrado ao multiculturalismo e aos direitos sociais e humanos.
Poderíamos comparar esse fenômeno ao auge do movimento sindical metalúrgico, entre o final da década de 70 e início da 80.
Isto durante a ditadura militar e diante da voraz industrialização automotiva que explorava os(as) trabalhadores(as) brasileiros(as).
Foi quando surgiu a CUT – Central Única dos Trabalhadores - e o PT – Partido dos Trabalhadores - que foram fundamentais para a democratização do país.
Então, como trataremos o contexto atual, qual será o rumo do Movimento Negro Unificado?
Com certeza precisaremos de aliados que taticamente estejam agrupados no campo autônomo da esquerda brasileira.
Além disto, talvez, a nossa primeira tarefa seria a retomada da nossa liderança histórica no movimento negro brasileiro.
Nos últimos 36 anos, o MNU teve um papel preponderante em pautar os três poderes do estado brasileiro; executivo, legislativo e judiciário, tanto quanto, a grande mídia e as instituições políticas.
Durante muito tempo fomos referência para os estudos e produções acadêmicas.
Enfrentamos conceitualmente o mito da democracia racial apontando o racismo como elemento fundamental para a manutenção do capitalismo.
Esse XVII Congresso Nacional do Movimento Negro Unificado - MNU traz, em seu caráter; a necessidade de análise e reordenamento estratégico.
No início da década de 90, criaram-se uma série de organizações e entidades não governamentais que fragmentaram a luta estratégica coletiva.
O neoliberalismo determinou um “falso integracionismo”, criando estruturas meramente representativas.
Muitas “lideranças”, de forma coadjuvante, deflagraram e participaram um mecanismo de articulação e representação institucional de extrema subjetividade, que de fato, não exercia efetividade ou capacidade de superação do racismo institucional.
Podemos considerar que esse modelo permanece até hoje, antagonicamente à nossa visão enquanto de organização política.
A criação da SEPPIR, em 2003, que perfaz 11 anos, demonstrou avanços consideráveis. No entanto, ainda incompatíveis às demandas estruturais, emblemáticas e crônicas relacionadas à exclusão histórica de mais da metade da população brasileira, como por exemplo, o avanço na certificação e titulação das terras quilombolas.
TEORIA E PRÁXIS
“Nada melhor que o tempo construir as respostas que precisamos”.
O Movimento Negro Unificado teve, na década de 90, o seu principal período de produção intelectual idealizado pelos campos seguintes internos:
- Raça e Classe, Raça e Território e Raça.
Na primeira metade da década de 2.000, teve o seu principal período de conceituação de “Organização Política Autônoma”.
Nesse período a nossa ação protagonizou articulações nacionais como:
- O Comitê Afro do Brasil, para o Fórum Social Mundial, CONNEB, II Marcha Zumbi + 10, e mobilizações nos segmentos de comunidades tradicionais de matriz africana e quilombolas, principalmente.
Em 2005 e 2009, concomitantemente, sofremos duas interrupções internas avassaladoras:
- No XV Congresso Nacional do MNU, em Lauro de Freitas- BA, e no XVI Congresso Nacional do MNU, em Itapecerica da Serra-SP, em São Paulo.
As duas gestões não conseguiram coordenar o nosso programa político.
Resultado, estamos quase uma década sem direção política.
A grande vulnerabilidade e estagnação interna promoveu uma reação de ativistas de vários estados.
Em 2010, fundamos a ANLU – A Nossa Luta Unificada – Campo de Análise, Reflexão e Articulação Política do Movimento Negro Unificado - MNU.
Há quatro anos esse campo vem articulando o reordenamento político de nossa organização a partir da base do MNU.
O principal viés é o resgate da democracia interna é a retomada da construção de uma Organização Autônoma e Centralizada.
O que a ANLU defende?
“O fortalecimento da nossa produção filosófica, sociológica, política, cultural, religiosa e científica. Podendo assim, enfraquecer doutrinas e ideologias eurocêntricas institucionalizadas nas academias e estados capitalistas que construíram o desenvolvimento da ciência, os conceitos sobre a natureza humana e seus valores e crenças e, consequentemente, a promoção da divisão de classes desconsiderando as diferenças e experiências étnicas e civilizacionais africanas”.
No âmbito nacional:
- Participar sob o nosso ponto de vista da construção de proposições para a “Reforma Política”;
- Incluir a dívida do escravismo na pauta da “Comissão da Verdade”;
- Promover a integração do povo negro ao “Desenvolvimento Econômico”, principalmente, a melhores condições de “Trabalho e Renda”;
- Discutir sobre os “Impactos da Industrialização Mundial ao Meio Ambiente e aos Problemas de Sustentabilidade e Desenvolvimento Humano”;
- Discutir sobre a sociedade contemporânea e a “Cultura da Tecnologia Digital”; e sobre os “Monopólios Informacionais e de Massificação Social” pela iniciativa privada e pelos estados imperialistas e neocolonizadores;
- Tratar da “Garantia dos Direitos e Titulação da Territorialidade de Matriz Africana” na religião, quilombos, e espaços de resistência negra;
- Debater sobre as contradições relacionadas ao “Genocídio da Juventude Negra” e a ascensão de uma nova geração de “Cotistas Universitários”;
- Promover ações de “Gênero e Raça” que contemple os direitos de igualdade às mulheres negras e contra o machismo, sexismo e a violência contra a mulher;
- Combater o crescimento da “Desrespeito Religioso, Xenofobia, Neonazismo e Violência Contra a Diversidade Sexual”;
- Construir um “Projeto Político do Ponto de Vista do Povo Negro”.
Nisto, temos que nos colocar como uma organização democrática independente e de esquerda.
De fato já somos, mesmo que, em muitas vezes não saibamos agir enquanto tal.
Somos, às vezes, surrupiados por interesses de ascensão individual ou por grupos regionalizados.
Ou, mesmo em expectativas “instantâneas” de integração ou participação, em correlações de representação da política local.
Esses fatores estão relacionados à dubiedade intelectual propagada por segmentos ligados a correntes de outras organizações políticas ou partidárias, aquém, do Movimento Negro Unificado.
A esquerda brasileira ainda não integrou a perspectiva de combater o racismo como questão fundamental de transformação social.
O MNU sempre relacionou a divisão racial e econômica de classes ao enfrentamento à elite dominante da produção e concentração de renda.
Talvez, o nosso grande desafio seja exatamente confirmar de forma determinada, o que pensamos e construímos politicamente em nossa existência.
Algumas considerações que enriquecem o nosso debate foram estudadas por, Alex Callinicos; autor de Racismo e Capitalismo e tradutor de “Race and Class“ que expôs com excelência:
“Os nacionalistas negros tendem a ver o racismo, pelo menos relativamente, como um fenômeno cujas origens, estrutura e dinâmica, embora estejam ligadas às do modo de produção capitalista, não podem ser reduzidas às mesmas.
A libertação negra, concluem, só pode ser conquistada pelos próprios negros, organizados separadamente dos antirracistas brancos, mesmo considerando-os aliados.
Os marxistas revolucionários, ao contrário, consideram o racismo um produto do capitalismo que serve para reproduzir esse sistema social dividindo a classe trabalhadora.
Só pode ser abolido, portanto, através de uma revolução social. Seria uma conquista da classe trabalhadora unida. Negros e brancos lutariam juntos contra o seu explorador comum”.
Se esse ponto de vista desconsidera que mesmo os brancos marxistas não estão no mesmo patamar de desigualdade social, racial e econômica em relação aos revolucionários negros, temos que fortalecer o nosso discurso ideológico e o formularmos a partir do nosso ponto de vista.
O que de fato, é a linha do Movimento Negro Unificado?
No mesmo trabalho, Callinicos, explora a análise do conflito teórico entre o Marxismo e o Nacionalismo Negro.
Cita, Cedric Robinson, um acadêmico norte americano associado ao Institute of Race Relations de Londres, em seu Livro, Black Marxism, Marxismo Negro.
A tese básica de Robson é que o marxismo é, na própria maneira em que seus conceitos são ordenados, uma ideologia eurocêntrica.
Em sua base, quer dizer, em seu substrato epistemológico, o marxismo é uma construção ocidental – uma conceituação das questões humanas e do desenvolvimento histórico que emerge das experiências históricas dos povos europeus mediadas, por sua vez, pela sua civilização, suas ordens sociais e suas culturas.
O marxismo, afirma Robinson, não é europeu apenas em suas origens, mas em seus pressupostos analíticos, suas perspectivas históricas, seus pontos de vista.
Consequentemente, falhou em confrontar uma ideia recorrente na civilização ocidental, notadamente o racismo é, em particular, o modo pelo qual o racismo inevitavelmente permearia as estruturas sociais emergentes do capitalismo.
Os intelectuais radicais negros do século XX – dos quais Robinson traça os trajetos de W.E.B Du Bois, C.L.R. James e Richard Wright – tiveram, portanto, que sair do marxismo e redescobrir uma tradição mais antiga, a resistência persistente, em uma contínua evolução, dos povos africanos à opressão, pois são estes, e não o proletariado europeu e seus aliados, que constituem a negação da sociedade capitalista.
Segundo a tese Raça e Território (MNU): “ao articularmos Raça e Classe, em qualquer uma de suas versões, nos projetamos num espaço dentro de um campo político constituído.”
Podemos ser até a versão herética desse espaço, algo como a esquerda mais à esquerda, mas sempre dentro do campo político institucional se constitui em cima de plataformas e parâmetros básicos.
Nem a posição mais herética, dentro do campo político é capaz de colocar em questão essas plataformas.
As instituições que se organizam a partir de um sistema de classificação marxista, mesmo em suas versões internacionalistas, não conseguem colocar em cheque a Nação como plataforma do campo político.
A classe se organiza na Nação. Como propor articulações na esfera internacional?
A luta regida sob o signo da organização em classes socioeconômicas pode pretender a abolição das fronteiras nacionais, mas se propõe em fazê-lo dentro da estrutura básica do campo político que é nacional.
É o que parece na formulação de MARX de 1848: “
O proletariado de cada país deve, naturalmente, antes de mais nada, ajustar conta com a sua própria burguesia. Aqui, nunca se parte do pressuposto de que a relação antagônica com o grupo dominante se resolve na demarcação territorial dos grupos em luta”.
Segundo a tese Raça e Classe (MNU), o capitalismo primitivo mercantilista acelerou a expansão de suas forças produtivas pela invasão e incorporação de novos territórios ao domínio da elite branca europeia, configurando o imperialismo moderno.
O reflexo desta estratégia capitalista para a humanidade foi o saldo de mais de 4,7 milhões de indígenas mortos mais de 110 milhões de africanos sequestrados para instalar e alimentar o regime de escravidão nas Américas.
Por outro lado, a escravidão direta foi o combustível da indústria burguesa alimentando suas máquinas e financiando o seu crédito.
Sem a escravidão não teríamos indústria moderna.
Foi a escravidão que deu às colônias o seu valor, foram as colônias que criaram o comércio mundial, o comércio mundial que é o motor da grande indústria.
Assim, a escravidão é uma categoria econômica de grande importância para compreender o capitalismo atual, principalmente sobre o ponto de vista da questão racial onde em “Raça” temos que ter consciência negra e combater o racismo e, em “Classe”, combater a burguesia capitalista até a sua derrocada.
Sendo assim, o povo negro deve também, se organizar enquanto classe trabalhadora em suas bases e nas organizações políticas que combatem o antagonismo social que molda o sistema capitalista moderno: a divisão racial no trabalho.
Na tese Raça (MNU), evidencia-se o entendimento de “Raça, como processo de construção social”, isto é, a partir de relações sociais historicamente constituídas.
Nesse sentido é a raça que especifica o lugar a ser ocupado nas estruturas sociais de poder e da riqueza na sociedade.
É utilizada como fator de diferenciação, no sentido de garantir a permanência das desigualdades.
Sem esse conceito, não há como justificar ou explicar a condição inferiorizada do negro, o confinamento dos indígenas e, ao mesmo tempo, elucidar os privilégios materiais e simbólicos do branco no mundo. Pois, pelo viés da inferioridade civilizacional da raça negra os europeus determinaram uma reclassificação de grupos e indivíduos de origem africana, além, da capacidade intelectual, moral e ética eurocêntrica.
Nisto, a condição racial tem definido, previamente, o lugar a ser ocupado na produção e a distribuição espacial em qualquer território.
Contudo, a consciência de raça, “consciência negra”, é que permite o verdadeiro entendimento do sujeito em entender a natureza das relações de classe em sociedades multirraciais, bem como, os desequilíbrios socioeconômicos que determinam a distribuição do poder político capitalista. Muito embora, esses campos políticos não existam mais e não exerçam articulação setorial na correlação de forças do Movimento Negro Unificado: “Muitas de nossas ações, principalmente, a partir da década de 2.000 tiveram influência direta dessas formulações teóricas”.
O fato é que cada campo apresentou contradições e debilidades quanto a estruturação de seus próprios propósitos no interior do MNU.
Na verdade, não houve uma base sólida de conscientização e responsabilidade estratégica para a implementação e condução dos respectivos projetos afins, sustentados nas devidas teses.
O surgimento da ANLU – A Nossa Luta Unificada, em 2010, após o XVI Congresso Nacional do MNU, em Itapecerica da Serra, em 2009, retoma a necessidade de reflexão e análise da nossa caminhada teórica e prática.
Inicialmente, podemos considerar que o principal fator de integração dos quadros de vanguarda neste campo político foi o “diálogo” pela garantia da democratização interna e a responsabilidade pela continuidade da existência do Movimento Negro Unificado.
Em segundo lugar, o propósito comum em reordenar o caminho de construção para a consolidação política de uma Organização Autônoma de Esquerda.
Diante de todos os limites possíveis de um país com dimensões continentais, podemos constatar que, hoje, a ANLU se organizou em mais de 12 estados e o Distrito Federal e integrou companheiros e companheiras de todas as correntes tradicionais do MNU.
Teoricamente, a ANLU, avança gradualmente fazendo a releitura da nossa própria história e realinhando diretrizes programáticas. “Se estamos por nossa própria conta, como disse Steve Biko, é também por nossa conta que buscaremos nossas orientações teóricas e programáticas”.
No entanto, temos que ter a sapiência e perspicácia em perceber que a contemporaneidade nos trouxe novos pesquisadores e pesquisadoras e intelectuais negros e negras.
Nos últimos 30 anos, por exemplo, a produção bibliográfica brasileira sobre a temática racial cresceu de forma significativa, sem que fosse necessário, as elitizadas inserções acadêmicas às universidades europeias e americanas, para a homologação e certificação eurocêntrica aos nossos pensadores.
Por outro lado, as bases quilombolas e de matriz africana nos trazem outros princípios civilizacionais evidenciando a sabedoria de nossos griôs: a oralidade. Ressaltamos a importância da tradução espiritual da orientação religiosa de nossas divindades e ancestrais.
De concreto, podemos dizer que a ANLU teve papel fundamental na articulação e organização do XVII Congresso Nacional do Movimento Negro Unificado.
Nisto, propomos a imediata retomada do processo de consolidação de uma Organização Política Autônoma, Democrática e de Esquerda, “interrompido”, durante as duas gestões anteriores.
Se não refletirmos sobre esse período e permitirmos a utilização “cartorial” do MNU por indivíduos ou pequenos grupos que buscam status político de mera evidência social, não recolocaremos o MNU em seu devido caminho.
“Para isto, necessitamos de uma consciência nacional e federativa de nossos quadros políticos, sem reducionismos aos interesses regionais”.
Temos de pensar estrategicamente a nossa relação enquanto Organização Política com o Brasil e a sociedade brasileira.
A priori, temos de desmistificar o fato de pensarmos que um dia fomos a principal organização política e, hoje, não somos.
Nunca fomos os únicos, porém, a mais importante organização.
Mesmo partir de 1978, quando éramos o movimento contemporâneo em relação às organizações já existentes, houve um grande processo de integração aos nossos quadros, mas posteriormente muitas dissidências.
Concomitantemente, várias entidades continuaram existindo e outras tantas foram fundadas individualmente, ou algumas, não todas, foram aglutinadas a partir da década de 90 á CONEN.
Podemos concluir que o fato de chegarmos até aqui, com credibilidade, é por conta de nossa concepção estratégica, nunca fomos braço de partidos ou de suas correntes internas, mesmo que muitos tentassem e, ainda tentem intervir e disputar a hegemonia no interior do MNU.
Salvo as devidas proporções, durante a Guerra Fria, as organizações africanas sofreram esse tipo de pressão e influência principalmente dos EUA, URSS e China.
Essa nossa essência, porém, não significa qualquer tipo de purismo ideológico.
“Podemos constatar que entre tantas linhas teóricas temos o Pan Africanismo como nossa grande referência, mas, a influência Marxista- leninista é evidente”.
Para termos, como exemplo, objetivo, a evidência dessas diferentes influências programáticas e ideológicas em nossa política interna, basta analisarmos o encadeamento conceitual entre as seguintes ações realizadas pelo MNU:
“Movimento Negro Unificado-Organização Política, Projeto Político do Ponto de Vista do Povo Negro- CONNEB, Congresso de Negros e Negras do Brasil, Estado Nação-Reparação”.
São linhas de construção Pan-Africanista-Marxista.
Pois bem, o Pan-Africanismo teve grande influência na construção do continentalismo africano (lembrem do Brasil continental, obviamente desconsiderando a questão das diferenças étnicas e linguísticas, embora de fato somos descendentes dos diversos grupos étnicos africanos) como um instrumento político na tentativa transformar o continente numa grande federação. Esse processo formou duas organizações entre os países a OUA, Organização da Unidade Africana e sua sucessora a União Africana.
Esse movimento debateu questões como o socialismo democrático, consciência negra, independência e nacionalismo, direitos humanos e anti-capitalismo.
Nesse processo de descolonização foram realizados vários congressos e conferências num cenário brutal de guerras civis e possessão europeia.
Fazer com que os próprios negros se entendessem enquanto povo foi naquele momento e, será ao futuro, o nosso principal desafio: construir um movimento político ideológico centrado na noção de raça e baseado no seu processo de construção sociológica e não biológica.
O Pan-Africanismo enquanto movimento organizado surge fora da África, ganhando força entre os negros da diáspora que eram sujeitos nas colônias americanas, ainda no século XIX.
Corria o ano de 1868, quando numa aldeia de Massachusetts, Estados Unidos, nascia “livre” W.E Burghardt Du Bois, que seria, mais tarde, o “Pai do Pan-Africanismo”.
Du Bois, no ano de 1903, em seu livro “The Soul of the Black Folk”, respondeu com um “não” categórico à seguinte pergunta:
Será possível, será provável, que possam nove milhões de homens realizar, no plano econômico, verdadeiros progressos, quando privados de direitos políticos, quando reduzidos à uma casta servil, e quando não se lhes concede a mínima oportunidade de desenvolver intelectualmente seus jovens bem dotados?
Du Bois referia-se à situação dos negros nos Estados Unidos, onde estavam impossibilitados de integrarem-se livres e iguais na vida americana.
Foi ele o iniciador dos primeiros congressos pan-africanos.
Dizia, em 1920, ser evidente que
“em “face do desenvolvimento da África Central, o Egito deve ser livre e independente, no grande caminho que conduz à uma Índia livre e independente, ao passo que o Marrocos, a Argélia, a Tunísia e Trípoli devem religar-se à Europa, modernizando-se na Independência”.
Outro líder importante na história do pan-africanismo foi Jean Price-Mars. Nascido em 1876, no Haiti, publicou na França, em 1928, “Assim Falou o Tio...”, ensaio etnográfico de grande valor. “Houve” – relatava- “em dado momento, no continente africano, centros de civilização negra dos quais não somente se encontraram vestígios, mas cujo brilho se irradiou além da estepe e do deserto”. Precisamente quando evoca o 80º aniversário de Price-Mars, frisou Léopold Senghor: “Por isso, há de ser o 15 de outubro de1956, o octogésimo aniversário da negritude”.
Essa negritude que significara a afirmação da autêntica cultura negra, despojada de todas as suas eventuais assimilações ocidentais.
O I Congresso Pan-Africano realizou-se em Paris, em 1919.
Após o armistício, Du Bois reclamava, de acordo com os princípios proclamados pelo presidente americano Woodrrow Wilson, o direito dos negros de disporem de si mesmos.
Para isso contava, entre outras coisas, com apoio do primeiro deputado do Senegal, Blaise Diagne, que ocupou o Parlamento francês durante vários anos consecutivos.
Mas era com certo temor que os americanos viam o Congresso: só em 1919, 83 negros foram linchados, 11 dos quais queimados vivos...e Paris estava cheio de correspondentes de jornais do mundo inteiro. Por isso os EUA recusavam-se a dar passaporte aos delegados congressistas.
Às diversas sessões do Congresso, compareceram 57 delegados negros, vindos das ilhas britânicas, diversas colônias francesas e britânicas, dos Estados Unidos e das Antilhas.
No final dos trabalhos foi entregue à Liga das Nações uma petição em que se requeria ser os antigos territórios coloniais alemães confiados a uma gestão internacional.
O II Congresso Pan-Africano aconteceu nos dias, 28 e 29 de agosto de 1921. Instalou-se no Centro Hall de Londres, em presença de 130 delegados, 41 dos quais provenientes de territórios africanos e 35 dos Estados Unidos.
Numa “ Declaração ao Mundo”, redigida por Du Bois, reclama-se o reconhecimento, para os negros, de direitos iguais aos dos brancos.
III Congresso – Londres (1923): Só se conseguiu obter uma declaração como o anterior numa segunda sessão em Lisboa, onde praticamente representantes agrupados no seio da Liga Africana (núcleo dinâmico de intelectuais negros) atingiram resultados pouco mais expressivos.
O objetivo de Du Bois era obter um abrandamento dos trabalhos forçados em Angola, e nas ilhas de São Tomé e Príncipe.
Garantias formais foram dadas por personalidades portuguesas, que, até hoje ou até a independência dessas colônias, jamais as cumpriram.
IV Congresso- Nova Iorque (1927): Estiveram presentes 208 delegados de uma dezena de países.
Começa a tomar corpo a doutrina pan-africana.
Reivindicaram para os africanos o direito de fazerem ouvir sua voz junto aos governos que “lhes dirigiam os negócios”.
Proclamaram o direito dos negros à terra africana e seus recursos; o direito a uma justiça adaptada às condições locais e que incluísse juízes nativos.
Reclamavam também a extensão do ensino primário gratuito e o desenvolvimento do ensino técnico; a participação dos africanos na valorização da África; a associação capital-trabalho; o fim dos escravos e do comércio do álcool.
O V Congresso Pan-Africano foi realizado em março de 1945 e teve sua sede em Manchester, Inglaterra. Seu organizador: DU Bois.
As sessões, dirigidas pelos líderes Kwame NKrumah e George Pandmore, T.R. Makonen (da Guiana Britânica); Peter Abrahams, o Dr. Pierre Milliard (guianês) e Jmo Kenyatta.
Foram denunciadas as divisões territoriais da África, a exploração econômica destinada a desencorajar a industrialização, e a instalação de colonos nas terras cultiváveis.
Os delegados reclamaram a luta contra o analfabetismo e a subnutrição, o reconhecimento do direito sindical e a criação de cooperativas.
Também emitiram resoluções exigindo a independência da Argélia, Tunísia e Marrocos.
E afirmaram que a única solução para a paz residia na completa e absoluta independência para os povos do Oeste africano.
Durante esse Congresso, por iniciativa de NKrumah, formou-se um comitê regional denominado: West African National Secretariat.
O VI Congresso teve lugar na cidade de Cumasi, Gana, de 4 a 6 de dezembro de 1953. NKrumah já estava no poder, em Gana.
Essa conferência teve como um de seus objetivos a criação do National Congress of West Africa, com existência formal a partir de 1954.
Tinha como função promover a unidade da África Ocidental, principalmente pela organização de conferências periódicas nos territórios coloniais britânicos e franceses.
É bom lembrar que, no final da segunda Guerra Mundial, existiam apenas 4 estados “independentes” no continente africano: Libéria, Etiópia, Egito e a União Sul Africana.
Na prática, todo o território era colonial, pois esses países estavam sob influência política, econômica e militar da Inglaterra (Etiópia, Egito e a União Sul Africana) e dos Estados Unidos (Libéria).
Após a guerra, outras fronteiras foram traçadas em decorrência do recuo da dominação colonial, permitindo o aparecimento de novos Estados.
Não se processou, contudo, a extinção do colonialismo.
Em muitos países nascia o colonialismo econômico.
É bom lembrar como a África estava dividida politicamente em 1940. Colônias britânicas: União Sul Africana; Sudoeste Africano(Namíbia); Bechuan(Botsuana); Rodésia do Sul(Rodésia-Zimbawel); Rodésia do Norte (Zambia), Tanganica(Tanzânia); Uganda; Quênia; Somália Britânica ( ao norte do país); Nigéria; Costa do Ouro(Gana) e o Sudão Anglo-Egípcio. Colônias francesas: Ilha de Madagáscar (Rep. Malgaxe); Ilhas Comoras; África Equatorial Francesa (República Popular do Congo, Gabão, Camarões, Rep. Centro Africana, Chade); África Ocidental Francesa(Nigéria, Benim, Togo, Alto Volta, Costa do Marfim, Mali, Mauritânia, Guiné (Conacri), Gâmbia, Senegal); Argélia; Marrocos e a Ilha Reunion( ainda colônia francesa). Colônia belga: Congo (Zaire). Colônias italianas: Somália Italianas; Abissínia (Etiópia); Eritréia (hoje, baixo domínio etíope) e Líbia. Colônias portuguesas: Moçambique; Angola, Guiné Portuguesa; Cabo Verde; São Tomé e Príncipe. Colônias espanholas: Guiné Equatorial; Rio de Ouro (Saara Ocidental, território hoje disputado pela Mauritânia e Marrocos; o povo saaraui luta contra esses países através da Frente Polisário, pregando pela independência de seu território) e as ilhas Canárias (ainda colônia espanhola que luta contra os independentes do MPAIAC, Movimento pela Autodeterminação e Independência do Arquipélago das Canárias).
Bem, somente relendo essa construção em larga escala histórica da política pan-africanista, é que podemos dimensionar o quanto foi necessário para a Independência dos Países Africanos.
Mesmo assim, hoje, a maioria dos países continuam dependentes e sob grande influência de suas ex-colônias.
Entender esse processo é compreender a complexidade da nossa própria luta enquanto ativistas do Movimento Negro Unificado - MNU.
Frantz Fanon, em seu olhar sobre a elite europeia na África reflete:
“O negro é declarado impermeável á ética, a ausência de valores como também negação de valores, até mesmo inimigo dos valores culturais europeu. O imigrante faz a História. Sua vida é uma epopeia, uma odisseia. Ele é o começo absoluto. E porque se refere constantemente a história do seu país, indica de modo claro que ele aqui é o prolongamento desse país. A história que o imigrante escreve não é, portanto, do país que o abraçou, mas a história da sua nação no país que ele veio explorar’.
36 ANOS DE LUTA!
Algumas reflexões e referências cronológicas relacionadas, entre outras, à nossa caminhada...
1. “As únicas pessoas que realmente mudaram a história foram as que mudaram o pensamento dos homens a respeito de si mesmos”. Malcolm X. Em 1979 – O MNU fez um ano de fundação, passava pelos 90 anos de Abolição da Escravatura, que perfaziam em 1978, em plena conjuntura de inúmeras manifestações e protestos contra a Ditadura Militar. Abdias do Nascimento tinha lançado o livro Genocídio do Negro Brasileiro, que denunciava todo o mecanismo sociopolítico de discriminação e exclusão racial. Formação do Núcleo Negro Socialista, em 1977, Organização Negra de Esquerda, para a libertação e organização do negro no Brasil, influenciou através de seus ativistas a nossa posição política enquanto iniciante organização autônoma de ESQUERDA NO BRASIL, legado, ao qual, nunca traímos em nossa história de lutas. Aprovada a Lei federal, 6.767/79, que reestabeleceu o pluripartidarismo iniciando a abertura política. O presidente Militar, Ernesto Geisel, extingue o AI-5, Ato Constitucional que tinha fechado o Congresso Nacional e suspendido as garantias constitucionais de cidadania. Conferência Geral da ONU, 1978, “Declaração sobre Raça e os Preconceitos Raciais”.
2. “Um grande número de universidades americanas está registrando incêndios e violência racial, muitas instituições resistem à inserção do currículo multicultural”. W.E.B.DU BOIS”. 1980. - Fundação do CEDENPA, Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará, criando-se uma referência de resistência negra na região amazônica do país. - Nasce o PT. Independência do Zimbábue.
3. “Frantz Fanon, foi um intelectual popular porque falava da própria luta como participante do processo revolucionário”. 1981 - Atentado Rio- Centro. - Carybé publica: Deuses Africanos no Candomblé da Bahia. - Anwar Sadat, presidente do Egito é assassinado. - Ronald Reagan, é eleito presidente dos EUA.-Tentativa de Golpe na Espanha pelo Tenente Coronel Antônio Tejero. - Morre o mestre de capoeira “Pastinha”. - Morre o cantor Bob Marley.
4. “Quilombismo”: dedico este livro aos jovens negros do Brasil e do mundo, continuidade da luta por um tempo de justiça, liberdade e igualdade, onde os crimes de racismo não possam jamais se repetir. Abdias do Nascimento. 1982 - II Congresso de Cultura Negra das Américas. Coordenado por Dulce Pereira e Abdias do Nascimento
5. “As mulheres negras foram fundamentais em todas as organizações de Direitos Civis que existiram e existirão”. Angela Davis. 1983 - Fundação dos Agentes de Pastorais Negros do Brasil, SP. I Encontro de Mulheres de Favelas e Periferia, RJ, que fortaleceu a estimulou a participação das mulheres na política brasileira e na criação de organizações e conselhos específicos.
6. “O indivíduo, a raça, a nação, haverá de enfrentar uma vez na vida o problema de decidir sua futura trajetória. É chegada a hora, o povo negro deve definir-se sobre o interesse de sua própria liberdade”. Marcus Garvey – Jamaica. 1984. - Desmond Tutu recebe o prêmio Nobel da Paz. - Fundação do Grupo de Homossexuais Negros, Adê Dudu, na BA . - Campanha “Diretas Já”. - Criação do Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de São Paulo. - Derrota da emenda das eleições diretas.
7. “Para participar da Revolução não basta escrever uma canção revolucionária, se lutarmos conjuntamente, as canções surgirão”. Sèkou Touré. 1985. - Lei Caó, 7437/85, classifica o racismo como crime inafiançável, punível de prisão. -Lélia Gonzáles e Benedita da Silva integram o Conselho Nacional da Mulher até 1989. - Colégio eleitoral elege Tancredo Neves à presidente da República, falece, e assume José Sarney. - Fim da Ditadura Militar.
8. “Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos haverá guerra”. Bob Marley. 1986. - Clóvis Moura Lança “ Os Quilombos e a Rebelião Negra”. - Convenção Nacional do Negro e a Constituinte, Agosto, em Brasília. - Na URSS, Mikhail Gorbatchov propõe a abertura política e econômica ( “Glasnost” e a “Perestroika”). - Na economia do Brasil surge o congelamento de preços, salários e câmbio no Plano Cruzado.
9. “O sistema pode prender um revolucionário, mas não poderá colocar a revolução na prisão”. Panteras Negras. 1987. - Fundação do INTECAB, Instituto Nacional de Tradição e Cultura Afro Brasileira, SP. - É instalada a Assembleia Nacional Constituinte. - No Brasil, o Plano Bresser congela aluguéis e salários.
10. “ A luta pela valorização do emprego doméstico se mescla com a militância pela igualdade racial e feminismo. Não há que se questionar que a categoria é composta em sua maioria de mulheres negras e pobres. Laudelina de Campos Melo. 1988. -Centenário da Abolição. - Assembleia Nacional Constituinte. - Artigo 68 ADCT , reconheceu a propriedade definitiva ás terras remanescentes de quilombos. - Marcha contra a Falsa Abolição, reuniu milhares de pessoas no Rio de Janeiro enfrentando a repressão dos militares. - PC do B, Fundação da UNEGRO, União dos Negros Pela Igualdade. - I Encontro Nacional de Mulheres Negras no RJ. Fundação do Geledés, em SP. - Foi Criada a Fundação Cultural Palmares pelo Governo Federal. - No VIII Encontro de Negros e Negras do Norte e Nordeste, organizado pelo MNU da região, foram definidas diretrizes educacionais que balizaram a criação da Lei 10.639
11. “Mãe Luzia foi considerada a primeira doutora do Amapá, era descendente do povo Bantu, na cidade de Macapá, foi escravizada do nascimento até a abolição, seus conhecimentos sobre partos foram passados por seus ancestrais a ponto de ser reconhecida pelo poder público”. Francisca Luzia da Silva. 1989. - Fundação do CEAP, RJ, Centro de Articulação de Populações Marginalizadas. - X Encontro de Negros e Negras do Norte/Nordeste consolidando uma série de encontros regionais durante a década de 80. -Primeira eleição presidencial direta desde 1961. - Fernando Collor é eleito. - A queda do Muro de Berlim.
12. “ Nessa cidade todo mundo é d´oxum, homem, menino, menina mulher”. Gerônimo. 1990. - Libertação de Nelson Mandela. Plano Collor, confisco das cadernetas de poupança e congelamento dos depósitos bancários. - Reunificação da Alemanha. - Fim da década perdida na América Latina. - IX Congresso Nacional do MNU.
13. “ Reaja à Violência Racial !” 1991.- I Encontro de Mulheres Negras do MNU em Recife-PE. - Realização do ENEN – 1º Encontro Nacional de Entidades Negras. - Fundação da CONEN – Coordenação Nacional das Entidades Negras. - - Fim da URSS e da Guerra Fria. - Congresso Extraordinário do MNU, RJ. - IX Congresso Nacional do MNU, RJ.
14. “ Uns vão uns tão uns são uns dão uns não uns hão de, uns pés uns mãos uns cabeça uns só coração”. Caetano Veloso. 1992. - I Encontro de Mulheres Afro Latino Americanas e Afro Caribenha, realizado na República Dominicana. - Fundação da Organização CRIOLA –RJ. - Movimentos da Juventude de classe média branca “Caras Pintadas”. - Impeachment de Collor, Itamar Franco assume. - Massacre do Carandiru, 111 detentos mortos. - Fundação do PCC, Primeiro Comando da Capital.
15. “Minha vida é andar por esse país pra ver se um dia me sinto feliz”. Luiz Gonzaga. 1993. - Fundação do Educafro, Educação e Cidadania de Afro Descendentes e Carentes, RJ. - I SENUN, Seminário Nacional de Negros Universitários na Bahia. - X Congresso Nacional do MNU, Goiânia.
16. “Quando eu tiver bastante pão para meus filhos, para minha amada, pros meus amigos e pros meus vizinhos, quando eu tiver livros para ler, então eu comprarei uma gravata colorida, larga, bonita”. Solano Trindade. 1994. - Morre Lélia Gonzales, fundadora do MNU. - Fundação da Comissão Nacional de Combate à Discriminação Racial da CUT. - Fernando Henrique Cardoso é eleito presidente da república. - Nelson Mandela torna-se presidente da África do Sul. - Genocídio em Ruanda, Hutus X Tutsis.
17. “ Treze de maio, treze de maio traição, liberdade sem asas e fome sem pão, liberdade de asas quebradas..” Oliveira Silveira, Poeta Gaúcho, idealizador do 20 de Novembro. 1995. - 300 anos da Morte de Zumbi dos Palmares. - Marcha Zumbi Contra o Racismo Pela Cidadania e a Vida, com a participação de milhares de pessoas em Brasília. - Primeira titulação de uma Comunidade Remanescente de Quilombos em Oriximiná –PA. - I Encontro Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas, em Brasília-DF. - I Congresso Continental dos Povos Negros da Américas, organizado pela CONEN e Movimento Continental de Resistência Indígena, Negra e Popular. - Cuba aprova investimentos financeiros externos no país. - XI Congresso Nacional do MNU, RJ.
18. “A noite não adormece nos olhos das mulheres, a lua fêmea, semelhança nossa, em vigília atenta vigia a nossa memória”. Conceição Evaristo. 1996. - Fundação da Coordenação Nacional de Quilombos (CONAQ). - Fim do Apartheid. - Massacre de Eldorado dos Carajás, membros do MST são mortos no Pará.
19. “Mano não Morra não Mate”. Milton Barbosa. Miltão. 1997. -Fundação da Federação Nacional das Empregadas Domésticas, FENATRAB. - O índio pataxó, Galdino Jesus dos Santos, é assassinado, em Brasília, por 5 estudantes. - MST faz passeada de 50 mil pessoas contra o Neoliberalismo, em Brasília.
20. “ Amigo é coisa pra se guardar embaixo de sete chaves”. Milton Nascimento. 1998. - Começa a II Guerra do Congo envolvendo 7 nações africanas, dura até 2002. - XII Congresso Nacional do MNU, Salvador. - Fernando Henrique Cardozo é reeleito. - FMI empresta 41 bilhões ao Brasil, em função da crise na Rússia.
21. “ Um sorriso negro um abraço negro traz...felicidade, negro sem emprego fica sem sossego negro é a raiz da liberdade”. Canta Dona Ivone Lara. 1999. - Tribunal Internacional da África, Países Africanos contra os planos de ajuste econômico do FMI. -Encontro Nacional do MNU em Ibirité, Minas Gerais. - Marcha dos 100, em Brasília, “Fora FHC”. - A União europeia cria o euro.
22. “ Anda com fé eu vou que a fé não costuma falhar”. Gilberto Gil. 2000. Enfraquecimento do neoliberalismo. - Fundação do Fórum Nacional de Mulheres Negras e da Articulação de Organizações das Mulheres Negras Brasileiras. - Brasil Outros 500: Movimento Nacional de Resistência Indígena Negra e Popular, acontecem mobilizações em todo o país desmascarando as comemorações oficiais do governo brasileiro em Porto Seguro, na Bahia. - XIII Congresso Nacional do MNU, RJ. - Ciência mapeia o DNA humano. - George W. Bush é eleito presidente dos EUA.
23. “Eu acredito é na rapaziada que segue em frente e segura o rojão, eu ponho fé é na fé da moçada que não foge da fera e enfrenta o leão, eu vou a luta com essa juventude, que não corre da raia a troco de nada, vou no bloco dessa mocidade, que não tá na saudade e constrói a manhã desejada”. Gonzaguinha. 2001. - 11 de setembro ataques ao World Trade Center e o Pentágono, em Nova York. - Invasão americana no oriente médio, “Guerra contra o Terror”. - III Conferência Mundial Contra o Racismo a Discriminação a Xenofobia e Intolerâncias Correlatas, em Durban, na África do Sul. - I Fórum Social Mundial, em Porto Alegre.
24. “Eu gosto de olhos que sorriem de gestos que se desculpam, de toques que sabem conversar e de silêncios que se declaram”. Machado de Assis. 2002. - UERJ institui as leis, 3.524/2000 e 3.708/2001, reserva de cotas para 50% de candidatos da rede pública e 40% que se autodeclaram afrodescendentes. - II Fórum Social Mundial, em Porto Alegre. - Articulação pelo MNU do Comitê Afro do Brasil (CAN) que reuniu as principais organizações do Movimento Negro Brasileiro e teve como pauta principal: Reparação. - Tribunal dos Povos Africanos e Indígenas, em Porto Alegre. - Quilombo Milton Santos e Lélia Gonzáles. -Lula é eleito presidente da república. - XIII Congresso Nacional do MNU, Rio de Janeiro. - XVI Congresso Nacional do MNU, RS. -Seminário Nacional de Mulheres do MNU, RJ.
25. “Oxumaré, relativo à mobilidade e atividade, afugentador da chuva e representa a riqueza”. 2003 - Foi aprovada a Lei nº 10.639 que alterou a LDB 9.394/96 que inclui no currículo oficial da rede de ensino público e privado a disciplina de História e Cultura Afro Brasileira. - III Fórum Social Mundial, em Porto Alegre. - É fundado o Comitê Internacional de Reparação. Criação da SEPPIR. III Seminário Nacional de Educadores e Educadoras do MNU. RJ. - Seminário Nacional de Sindicalistas, RJ. II Seminário Nacional de Organização. Audiência do MNU com a Ministra, Matilde Ribeiro, reiterando nossa posição de autonomia e apoiando a gestão da SEPPIR, a qual, também fomos idealizadores.
26. “Rosto com a imensidão do mar sem pingos de desespero. Negros não mais fujões, libertam seu nome recém - nascido como árvore brotando flores, flores grávidas de frutos...” Alzira Rufino. 2004 - Ocupação do Haiti por tropas da ONU com participação do Brasil. - Queda de Saddam Hussein. - Fortalecimento da “centro esquerda” na américa latina e enfraquecimento da ALCA. - Bush é reeleito presidente dos EUA. Ano Internacional para Celebrar a Luta contra a Escravidão e sua Abolição. - Foi criado o FACEBOOK. - Morre Leonel Brizola.
27. “Logunedê, elegância, beleza e sedução, assume a forma masculina e feminina...” 2005 - Marcha Zumbi + 10; II Marcha contra o Racismo, pela Igualdade e a Vida. - Duas Marchas são realizadas, uma no dia 16/09 capitaneadas por algumas ONGS e com fraquíssima participação. E a outra, Zumbi + 10, pelas principais organizações do Movimento Negro Brasileiro que reuniu milhares de pessoas. I CONAPPIR, Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial. - Fórum Social Mundial, RS. Santiago mais 5.
28. “Refletiu a luz divina com todo seu esplendor é do Reino de Oxalá onde há paz e amor”. Hino da Umbanda. 2006 - Reeleição de Lula. - XV Congresso Nacional do MNU, Lauro de Freitas, BA. - Seminário Nacional do MNU para Organização do CONNEB, RJ. - Sancionada a Lei Maria da Penha (11.340). “Um dia sem Imigrantes” 1º de Maio, imigrantes latino-americanos param os EUA. Reeleição de Hugo Chaves na Venezuela. - Saddam Hussein é enforcado.
29. “Salvador é um Porto Seguro, seguro de tanta beleza..” Morais Moreira. 2007. - I ENJUNE, Encontro Nacional da Juventude Negra. - Maior recessão americana após a segunda guerra mundial. - Cristina Kirchner assume a presidência a Argentina.
30. “Jesus Cristo era negro ?!?!?” 2008 - Fim do governo de Fidel Castro em Cuba. - Crise Econômica Mundial, bancarrota no Lehman Brother, bolha imobiliária. - 120 Anos da Abolição da Escravatura.
31. “Quando não há inimigos internos, os inimigos externos não podem nos ferir”. Provérbio Africano. 2009 - II CONAPPIR. - Barak Obama é eleito o primeiro presidente negro dos EUA. I Reunião Nacional de articulação da ANLU, em Brasília. XVI Congresso Nacional do MNU, em SP.
32. “A mais potente arma nas mãos do opressor é a mente do oprimido”. Steve Biko. 2010 - Dilma é eleita. Em Julho/10 foi aprovado o Estatuto da Igualdade Racial, lei 12.288. - Crise Econômica na União Europeia. - Primavera Árabe no norte da África. I Encontro Nacional da ANLU – A Nossa Luta Unificada, sede do MST, SP. Congresso Nacional de Negros e Negras do Brasil, CONNEB, em Porto Alegre (resolução do XIV Congresso do MNU).
33. “Não basta que seja justa e pura a nossa causa. É necessário que a pureza e a justiça existam dentro de nós”. Agostinho Neto. 2011 - Morte de Osama Bin Laden e Muammar al Gaddafi. ONU aprova Ano Internacional dos Afrodescendentes. “Primavera Árabe”, manifestações populares contra ditaduras em vários países árabes.
34. “Me organizando, posso desorganizar”. Chico Science. 2012 -Reeleição de Barack Obama. Rio + 20, Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável. Senado Paraguaio afasta o presidente Lugo. Julgamento do Mensalão.
35. “Temos uma ideologia poderosa, capaz de prender a imaginação das massas. Nosso dever é passar essa ideologia, totalmente, para elas’. Nelson Mandela. 2013 - Morre Hugo Chaves e Nelson Mandela. - Manifestações Sociais e Violência em todo o Brasil.
36. “Cada setor do Estado e da sociedade deve assumir o seu papel no combate ao racismo.” Luiza Bairros - entrevista ao programa Bom dia, Ministra. 2014 - Copa do Mundo no Brasil. - Guerra na Ucrânia. Guerra Israel - Palestina. XVII Congresso Nacional do MNU, Salvador-BA. Construção para a I Marcha Nacional das Mulheres Negras, em 2015, Contra o Racismo a Violência e Pelo Bem Viver! - Marcha Contra o Genocídio do Povo Negro, 22 de agosto. – Eleições presidenciais.
Texto elaborado por Emir da Silva,
Ilma Fátima de Jesus e
Adomair O. Ogunbiyi
Colaboração: Carmem Maia
ANLU- Coordenação Nacional.
Marcelo Dias – RJ
Raimundo Bujão – BA
Ângela Gomes – MG
Ilma Fátima de Jesus – MA
Adeildo Araújo Leite - PE
Emir da Silva – RS
Sônia Santos - SP
Porto Alegre, 13 de Agosto de 2014.
Referências:
- As Almas da Gente Negra W.E.B Du Bois. Tradução: Heloisa Toller Gomes.
- Rebeliões da Senzala. Clóvis Moura.
- Sociologia do Negro Brasileiro. Clóvis Moura.
- África Contemporânea. Ciência e Letras/ FAPA-RS.
- A Integração do Negro na Sociedade de Classes. Florestan Fernandes.
- Parte de Minha Vida. Winnie Mandela. Organização Anne Benjamin
- Sociedade de Classes e Subdesenvolvimento. Florestan Fernandes
- Auto Biografia de Malcolm X, Alex Haley.
- O Lugar da África. José Flávio Sombra Saraiva.
- África Arde – Lutas dos Povos Africanos pela Liberdade. Carlos Comitini.
- O Quilombismo. Abdias do Nascimento.
- A discriminação do Negro no Livro Didático. Ana Célia da Silva.
- Jornal Quilombo – Abdias do Nascimento.
- Os grandes Líderes do Século XX. Mandela. Thomas Butson.
- 10 anos de Luta Contra o Racismo – Movimento Negro Unificado.
- Caderno de Teses do XIII – Congresso Nacional do MNU.
- Retrospectiva MNU-RS 1992-2002.
- Racismo e Capitalismo. Alex Callinicos.
- Políticas de Treinamento e Educação nos EUA: James J. Heckman, Rebecca l. Roseleus, and Jeffrey A. Smith.
- Projeto Político: Raça e Território- José Carlos dos Anjos.
- Ações Afirmativas e a População Afrodescendente. Haroldo Antônio da Silva.
- Organização e Centralidade – Edmilton Cerqueira.
- Organização Política – Yedo Ferreira.
- Relatório Final do Seminário de Organização do CONNEB – Julho 2007.
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