quinta-feira, 29 de maio de 2014

Racismo no futebol

O CASO MÁRCIO CHAGAS E O RACISMO NA COPA DO MUNDO.

As organizações internacionais neonazistas e a ideologia secular racista fortalecem o preconceito racial nos estádios de futebol.

Não há fatos isolados, quem expressa o ódio e a supremacia racial  incorpora, de fato, a concepção ideológica e a segregação hierárquica de raça e classe social.

Mesmo que inconsciente ou subjetivamente, de algum lugar as pessoas aprendem a distinguir a beleza ou a capacidade intelectual do outro, simplesmente pela diferença da cor da pele ou origem étnica. 

Extravasar essas manifestações em lugares públicos de diversão  é  redimensionar a atitude expressa em seus grupos sociais de formação e de convivência cotidiana.    

A discriminação ao indivíduo, seja  jogador, árbitro ou torcedor sempre tem um ponto de referência que forma e reproduz um pensamento institucionalizado.

Para quem não debate a questão racial é difícil imaginar que,  uma tal ideologia promove a ação de pessoas sobre a classificação da diferença de capacidade de outras  pessoas; por raça, credo, ou opção sexual.

Pois bem, tem uma vasta biografia  que fala sobre os "grandes" pensadores e teóricos racistas.

Em 2010, a ANLU - A Nossa Luta Unificada - publicou o texto, em anexo, denominado  " Neuland".

Trata da interação de organizações racistas e criminosas com os casos de discriminação no Rio Grande do Sul. 

Não queríamos criar fantasmas, só dizer que a direita organizada existe, mesmo que seja nucleada em várias partes do mundo, inclusive no Brasil.  

Alguns sabem que, também, algumas  instituições liberais, capitalistas e religiosas comungam do desprezo à vida humana e lideram a especulação do capital internacional especulativo, fortalecendo a detenção do  poder político imperialista. 

O futebol não está longe desses interesses, a magia da bola se transformou em interesse de mercado.

A FIFA  impõem regras à instituições financeiras, empresas, clubes e aos poderes de qualquer Estado.

O acesso aos estádios de futebol privatizados, definitivamente, não é mais para assalariados de baixa renda.

Nisto, o preconceito racial e social assola, majoritariamente, negros e brancos pobres.

As denuncias constantes do movimento negro, com certeza, influenciaram a reação do árbitro Márcio Chagas, o que eternamente falta à Pelé, por exemplo.

Contudo, não podemos descontextualizar o mecanismo desses interesses econômicos e suas manifestações ideológicas na realização da Copa do Mundo em nosso país. 

A final de contas, grande parte da população está motivada e outra não está nem aí.
 
Em que time você jogará ?
 
Por outro lado, a  pauta  de reivindicações e  denuncias dos movimentos sociais e suas manifestações populares são legítimas e não podem ser criminalizadas.
 
O fato da realização da Copa do Mundo ser num país onde a desigualdade racial é um problema crônico e   emblemático,  já é uma questão de  grande contradição sócio econômica.

Mas enfim, a última foi na África do Sul, e como estão as coisas  por lá ?
 
É bom que já estamos sob grandes polêmicas e debates; o sectarismo  ou o  censo comum entre os segmentos  da sociedade, fazem parte de uma retórica necessária para evidenciar retrocessos ou avanços sociais.
 
Podemos realizar  uma excelente Copa do Mundo com toda estrutura e logística implementada.
 
Quiçá, tenhamos um resultado positivo em nossa economia em relação ao investimento realizado. 

O dinheiro é público, vem do bolso de cada um de nós.
 
Contudo, o  cenário de vulnerabilidade e desigualdade social pode ser propício para ações de  impunidade e intolerância.

Por mais que o Brasil tenha reconhecimento internacional, ainda permeia no imaginário estrangeiro o esteriótipo que somos somente; "índios, carnaval, futebol e mulheres". 

O contexto facilita o turismo sexual, prostituição infantil, violência e tráfico de mulheres, lavagem de dinheiro, tráfico e aumento do consumo de drogas, crimes e espionagens internacionais.

Bem como, as ações intolerantes de alguns torcedores das várias nações.

Lembremos que,  a arrogância neocolonizadora é de origem eurocêntrica.

No entanto não podemos generalizar, pois convivemos em nosso território com todos esses problemas a muito tempo.

Temos que ter muita consciência  política para denunciar a  violência policial, por exemplo.

Para quem não sabe, foi assim que nasceu o Movimento Negro Unificado em 1978.

Não podemos esconder a nossa realidade embaixo do tapete.

A juventude negra tem sido exterminada em todo o país.  
 
Não podemos esperar que  as "evidências" fiquem condicionadas ao Brasil ganhar ou não a Copa.

Urge uma campanha institucional de combate ao racismo, à xenofobia e  intolerâncias correlatas. 
 

O caso do árbitro, Márcio Chagas, que sofreu preconceito racial e foi discriminado por torcedores numa partida de futebol na serra gaúcha teve um desfecho positivo na justiça brasileira, que de praxe relega esses fatos á calúnia e difamação e não pune os infratores.

 O TJD - Tribunal de Justiça Desportiva-RS, julgou e puniu o Esportivo de Bento Gonçalves ao rebaixamento à divisão de acesso do campeonato gaúcho. 

Foi um avanço considerável, porém, a complexidade das manifestações racistas devem ser analisadas, investigadas e combatidas sistematicamente.

Em Porto Alegre, o delegado Paulo César Jardim, vem investigando vários casos de racismo no futebol relacionados com organizações criminosas. 

Na década de 2000, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, também, instaurou uma Comissão Especial para Promoção da Igualdade Racial nos Esportes.

 As resoluções foram enviadas para a Federação Gaúcha de Futebol (FGF) e para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). 
E, sabendo que o racismo não é uma manifestação isolada do indivíduo, mas a capacidade ideológica que faz com que o sujeito o reproduza, devemos perseverar, pois as conquistas são resultantes da continuidade da luta.

 
Emir Silva.
ANLU - A Nossa Luta Unificada.
Campo de Análise, Reflexão e Articulação do MNU - Movimento Negro Unificado.