sexta-feira, 17 de abril de 2020


MANIFESTO: A NOSSA LUTA UNIFICADA - ANLU 10 ANOS.
Campo de Reflexão, Análise e Articulação Política do Movimento Negro Unificado.

“Em 2020 completamos 10 anos de existência, nosso propósito fundamental é o fortalecimento do Movimento Negro Unificado. Hoje 31 de Março repudiamos qualquer comemoração ao Golpe Militar, estamos aqui para resistir...”
A contribuição primordial da ANLU nesse período foi reestabelecer o funcionamento organizacional e orgânico do Movimento Negro Unificado garantindo novas adesões e possibilitando a participação democrática de lideranças oriundas de vários segmentos da luta antirracista no Brasil.
A realização do XVII Congresso Nacional do MNU em Agosto de 2014, em Salvador, foi um marco na reorganização das instâncias diretivas da nossa entidade; o MNU encontrava-se há quase uma década obsoleto.
A articulação da Convergência Negra evidenciou a nossa responsabilidade em fortalecer uma linha de pensamento estratégico de organização de agenda política unificada buscando a unidade do movimento negro brasileiro num espaço genuinamente “afrocentrado” a partir do histórico de luta social de diferentes segmentos e concepções políticas.
Essa linha de atuação da ANLU de concepção pan-africanista é baseada na potencialidade da nossa própria capacidade intelectual, aquém do comando e centralização na esquerda branca e nas experiências contemporâneas de nossos ativistas, principalmente, nas articulações do início da década de 2000 nos Fóruns Sociais Mundiais que propiciaram a criação do Comitê Afro do Brasil, Comitê Internacional de Reparação com Organizações Sociais Africanas, criação da Secretaria Especial de Políticas da Promoção da Igualdade Racial (papel decisório do MNU) e realização do Congresso Nacional de Negros e Negras do Brasil, por exemplo.
Nosso desafio, agora, é fortalecer mecanismos coesos e organizados de resistência negra que enfrentem a elite racista brasileira  e  derrubem o governo nazifascista de Jair Bolsonaro.
Precisamos construir um novo cenário de política social a partir da Esquerda Negra  aliada à diversos setores dos movimentos sociais organizados; não podemos continuar a reboque da velha política tradicional e racista instaurada na constituição eurocêntrica da representação institucional da política brasileira.
Desde o Congresso Extraordinário de Vassouras, no Rio de Janeiro, específico para consolidar a transição de Entidade para Organização Política, há duas décadas, não se avançou absolutamente nada sobre esse tema; nosso estatuto é obsoleto, uma análise mais profunda evidencia em seu texto um perfil associativo do terceiro setor.
Urge a consolidação do Movimento Negro Unificado enquanto Organização Política que defina os parâmetros de nossa organicidade e instâncias sólidas que garantam a continuidade de funcionamento participativo, transparente e democrático; bem como estratégias nítidas de disputa do poder. Convivemos com muitos problemas crônicos como o individualismo, a  infiltração de correntes da esquerda branca, dubiedades de militância a partir de setores conceitualmente antagônicos ao MNU, defesa e participação de nossos militantes em governos liberais que privilegiam as elites e não enfrentam as transformações necessárias para combater a segregação social do povo negro, além de dirigentes que ocupam cargos públicos governamentais (carguismo).
Além disto, nota-se o surgimento de setores que tentam  organizar no MNU uma nova versão das Organizações Não Governamentais que surgiram da dissidência do MNU no I ENEN – Encontro Nacional de Entidades Negras, 1991, tais entidades definiram seu vínculo embrionário a partir do interesse dos partidos políticos da esquerda branca ou organizações coorporativas internacionais; período de ascensão do neoliberalismo ao qual o MNU, mesmo isolado em alguns períodos resistiu até hoje sem esse aparato.
Nesses 10 anos de existência da ANLU tivemos vários problemas; dirigentes catastróficos, abandono de gestão; no entanto travamos uma dinâmica de continuidade participativa diária que acertando ou errando sempre estivemos construindo sem  arrogância ou autoritarismo todos os processos da agenda política do Movimento Negro Unificado no intuito de garantir o fortalecimento da democrática interna.
Nesse momento de crise mundial da Pandemia do Coronavírus devemos ficar em casa, porém, sermos solidários e participativos enquanto lideranças e, na medida do possível, temos que estar “Unidos em Defesa da Saúde da População Negra e da Sociedade em Geral”; cobrando políticas públicas específicas e transferência de renda compatível ao investimento às grandes corporações empresariais e rentistas do Brasil. Lembremos que os grandes rentistas internacionais como os donos da  Micro  solft, Facebook,  Amazon, Walmart e Indústria Farmacêutica, por exemplo, não ficarão mais pobres... BOA LUTA, SE CUIDEM, FIQUEM EM CASA, SEJAM SOLIDÁRIOS!

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Executiva Nacional da ANLU participa de debate com dirigentes do MNU-PERNAMBUCO.

Na noite de quarta-feira, 29-01, no Centro Histórico de Olinda-PE, os dirigentes membros da Executiva Nacional da ANLU - A Nossa Luta Unificada, Carmem Maia e Emir Silva foram convidados pela Comissão Estadual do MNU/Pernambuco de Organização do XIX Congresso Nacional do Movimento Negro Unificado que se realizará de 15 à 17 de Maio, em Recife, para uma análise sobre conjuntura nacional e os desafios do atual contexto político no Brasil. A reunião aconteceu no Ilê-Oca Casa das Tradições Afroindígenas, sob o acolhimento do sacerdote Tiago Nagô e a advogada Camila Antero. A coordenadora estadual do MNU-PE, Marta Almeida, informou sobre as agendas de planejamento organizacional que estão em curso e confirmou sua participação na reunião ampliada da Coordenação Nacional do MNU (CON) no próximo final de semana, 01 e 02 no Rio de Janeiro. Adeildo Araújo, dirigente de vanguarda do MNU-PE fez uma retrospectiva política dos avanços e retrocessos do MNU e considerou o XIX Congresso um marco de afirmação do MNU no cenário político brasileiro entre as principais organizações nacionais com poder de decisão política e capacidade de mobilização do povo negro. Jean Pierre, dirigente da nova geração reivindicou maior espaço à juventude e segmentos populares organizados que resistem na religiosidade de matriz africana e cultura popular. Tiago Nagô que é documentarista, evidenciou a necessidade de implementação de uma política de comunicação com produção autônoma em plataformas digitais disponíveis nas redes sociais. Segundo Tiago o MNU tem capacidade de produzir conteúdo de qualidade através de mídias democráticas e populares. Emir Silva expôs a trajetória dos 10 anos da ANLU e sua importância para a rearticulação e fortalecimento nacional do MNU a partir de 2010 passando pelo XVII Congresso Nacional, em Salvador, 2014; e o XVIII Congresso Nacional, em Brasília, 2017. Afirmou que é necessário enfrentar problemas internos de estagnação crônica e transformar o MNU numa Organização Política "viva" de lutas cotidianas. O debate coletivo abordou o momento político do país e o retrocesso oriundo do conservadorismo nazifascistas do Governo Boslsonaro. Houve um momento emocionante quando o sacerdote Tiago Nagô informou que o ativista "Nego Bando", documentarista gaúcho assassinado em Olinda, em 2016, morava no Ilê-Oca Casa das Tradições Afroindígenas, era seu parceiro de trabalho e fazia parte da equipe de produção cinematográfica da instituição. NEGO BANDO, PRESENTE !